por Fernando Lopes, 26 Dez 11
Pela primeira vez, desde que me conheço como gente, decidimos não trocar presentes, excepção feita às crianças e aos mais velhos. Não foi a falta de dinheiro a base dessa motivação, antes o medo. Em seis meses Passos e
sus muchachos conseguiram instalar a penúria nuns e o medo nos outros.
Não havia desemprego nas minhas relações próximas, típicas de classe média. Entretanto tomei conhecimento de uma boa meia-dúzia de casos. Estamos a ser poupadinhos, prudentemente poupados, apesar de um rendimento razoável. Quem vive do trabalho, com vencimentos razoáveis, encontra-se neste momento num limbo, em que mais vale viver o dia-a-dia, sem loucuras, mas também sem precauções excessivas.
Não temo excessivamente o futuro porque tenho, como diria o Coelho, a
"almofada familiar". No caso de as coisas darem para o torto, poderemos sempre fazer um
downgrade, vender alguns bens, recorrer a poupanças e à família. As dificuldades que possam surgir, serão, felizmente, ultrapassáveis. Haverá sempre alguns meios financeiros, e quem
"nos ponha a mão por baixo".
O que me preocupa são os casos em que as famílias são as primeiras a chegar à classe-média. Esses não têm nada para vender, poupanças para esticar, e nem sequer podem contar com o apoio de pais ou avós. Uma imensa mole que tinha um rendimento de 2.000 euros por mês ou menos, que são os primeiros a ter casa própria, um carro utilitário pago às prestações, a oportunidade de dar algum conforto aos filhos. Com um ou dois elementos do casal desempregados e sem suporte familiar, como irão sobreviver?
É por isso que me repugna profundamente a ideia de que
"andamos a viver acima das nossas possibilidades". Uma mentira repetida à exaustão não se torna, por isso, verdade. O povo português sempre viveu modestamente e agora regressa ao salazarento naco de broa e meia-sardinha.
Anseio pelo dia em que estas pessoas cabisbaixas e envergonhadas pelo desemprego [como se fosse culpa sua], saiam para a rua e defenestrem uma geração inteira de Vasconcelos, que usou o poder e lambuza agora os dedos, com o que resta da nossa esperança.
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